Caso Backer
“O rim novo já saiu funcionando, graças a Deus”, disse Isabella Gomes, filha de Cristiano Gomes e Flávia Schayer, que passaram por cirurgia. O pai da jovem é uma das vítimas da Backer. Ele perdeu a função renal e recebeu o rim doado pela esposa nesta terça-feira (29).
De acordo com o médico Ricardo Gontijo, tudo correu bem no transplante e o órgão já está funcionando dentro do corpo do professor de 48 anos. Até meio-dia, Flávia, de 47, ainda estava sob efeito da anestesia, mas já descansava no quarto. Já Cristiano ainda deve passar alguns dias na UTI.
Segundo o médico, o rim de Flávia, agora de Cristiano, é muito bonito, bem cuidado e está em excelentes condições.
“Correu tudo bem com os procedimentos. Cristiano está passando superbem, já está urinando. Flávia também. O transplante foi um sucesso. Foi muito tranquilo”, disse o médico ao G1.
Flávia Shayer doou o rim para o marido Cristiano Gomes — Foto: Arquivo pessoal/ Flávia Shayer
O transplante foi necessário porque o rim dele não funcionava desde o dia 23 de dezembro, após intoxicação por dietilenoglicol pelo consumo da cerveja Belorizontina, da Backer. Ele fazia 10 horas de diálise por dia.
A cirurgia foi feita pela Sistema Único de Saúde (SUS), no Hospital Felício Rocho, no bairro Barro Preto, na Região Centro-Sul de BH. Dos 27 anos de relacionamento, a notícia da compatibilidade foi a mais emocionante na história do casal.
“Dificilmente a gente vai encontrar um gesto de amor maior do que dar um pedaço de si para outra pessoa, né? É um relacionamento de respeito, de carinho, de responsabilidade. De amor. Isso faz a vida ter sentido”, disse Cristiano ao G1, na véspera de receber o rim da mulher.
Cristiano Gomes com o médico Ricardo Gontijo, antes da cirurgia — Foto: Arquivo pessoal/Cristiano Gomes
A denúncia do Ministério Público, apresentada no início do mês, aponta 26 vítimas intoxicadas por dietilenoglicol após o consumo das cervejas. Dessas, 10 morreram. Perícias realizadas na empresa constataram vazamento em um tanque e diversos outros focos de contaminação.
Procurada nesta terça, a Backer não havia se posicionado até a última atualização desta reportagem.